segunda-feira, outubro 22, 2007

Poesia



Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela...


Amo-te assim, desconhecida e obscura,

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela

E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


Olavo Bilac

Ganga: Tecido Muito Resistente

Clangor: Som Estridente

Trom: Estrondo de Canhão

Silvo: Som Agudo

Arrolo: Canto, Melodia

Viço: Força, Vigor

Ventura: Sorte


Nenhum comentário: