terça-feira, outubro 23, 2007

Pintura


Pintura a óleo/madeira compensada - 35 x 27cm
Valorizando a Cultura Brasileira
Quem ainda não visitou o site do Projeto Portinari (http://www.portinari.org.br/) está perdendo uma grande oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a vida desse maravilhoso artista brasileiro que com muito esforço e talento pôde espalhar a Cultura do Brasil por todo o Mundo.

O acervo do Projeto Portinari é resultado do levantamento e da catalogação de quase 5.025 obras e aproximadamente 30.000 documentos relacionados à vida e à obra de Cândido Portinari.

Entre estes documentos encontram-se: correspondências, recortes de periódicos, livros, fotografias de época, depoimentos, catálogos de exposição e de leilão, textos, entre muitos outros.

Para aqueles que admiram todos os tipos de obras artísticas, é possível pesquisar de diferentes formas a respeito das obras de Portinari. O acervo conta com diferentes opções de busca como, por exemplo, busca pelas obras, pelos temas apresentados, pelos eventos em que o Pintor partipou, etc.

Para aqueles que desejam, ainda, saber como é possível utilizar as obras de Portinari para trabalhar alguns conceitos em sala de aula, com alunos da 1ª fase do 1º grau, o site apresenta, com uma linguagem simples e clara, quatro exemplos de possíveis atividades, referentes a quatro importantes obras do artista. Elas apresentam 3 temas diferentes como natureza-morta, paisagem e figura humana. A partir daí, quem tiver criatividade e imaginação pode criar as mais variadas maneiras de introduzir novos conceitos na vida dos estudantes.

Ainda, de forma leve e descontraída, o portal disponibiliza uma parte específica para as crianças que desejam brincar e se divertir, conhecendo um pouco mais sobre o pintor. Em uma das alternativas de entretenimento, as crianças podem, ao lado da imagem de diferentes obras, observar um pequeno e interressantíssimo texto poético que conta, de maneira muito agradável, como nasceu e viveu Portinari.

Flávia Amazonas de Azevedo

Pintura


Quem foi Candido Portinari ?

Candido Torquato Portinari foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional com mais de cinco mil obras concluídas, desde pequenos esboços a gigantescos murais.

Nasceu numa fazenda de café, Santa Rosa, no interior de São Paulo, em 29 de Dezembro de 1903. Filho dos imigrantes italianos Giovan Battista Portinari e Domenica Torquato, que tiveram doze filhos, sendo ele o segundo. De família humilde, cursou apenas o primário, porém desde criança manifestou sua vocação artística.

Aos seis anos de idade, Portinari começou a desenhar, sendo que aos nove participou durante vários meses dos trabalhos de restauração da igreja de Brodowski, sua cidade natal, ajudando os pintores italianos. Aos nove anos, desenhou o retrato de Carlos Gomes, como via numa caixa de cigarros.

Em 1918, Portinari, também chamado carinhosamente de "Candinho" pela família, viajou para São Paulo, para ingressar no Liceu de Arte e Ofícios de São Paulo. Contudo, aos quinze anos de idade, matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, na qual estudou desenho e pintura, tendo como professores Rodolfo Amoedo, Batista da Costa, Lucílio Albuquerque e Carlos Chambelland.

Em 1922, Portinari executou um retrato para o Salão de Belas Artes, e ganhou medalha de bronze pelo seu trabalho. Em 1928 conquistou o "Prêmio de Viagem ao Estrangeiro", da Exposição Geral de Belas-Artes, de tradição acadêmica.

Em 1929, Portinari partiu para a Europa, viajou pela Itália, Inglaterra, Espanha e se fixou em Paris, onde permaneceu até 1930. Ia diariamente aos museus e lá descobriu a pintura moderna. Discutia sobre arte nos cafés e não tinha quase nenhum tempo para pintar. Foi em Paris que Portinari conhece Maria Martinelli, com quem mais tarde se casou.

Longe de sua pátria, saudoso de sua gente, Portinari decide, ao voltar para o Brasil em 1931, retratar nas suas telas o povo brasileiro, superando aos poucos sua formação acadêmica e fundindo a ciência antiga da pintura a uma personalidade experimentalista e moderna.

Em 1932, Portinari expôs individualmente. Três anos depois, em 1935, seu quadro, em grandes proporções, Café recebeu a segunda menção honrosa da Exposição Internacional do Instituto Carnegie, nos Estados unidos.
Em 1936 revelou sua inclinação muralista através dos painéis executados no Monumento Rodoviário situado no Eixo Rio–São Paulo (Via Dutra), nos afrescos do novo edifício do Ministério da Educação e Saúde, realizados entre 1936 e 1944. Estes trabalhos, como conjunto e concepção artística, representam um marco na evolução da arte de Portinari, afirmando a opção pela temática social, que será o fio condutor de toda a sua obra a partir de então.

Nessa época, foi nomeado professor de pintura do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. Em novembro de 1939 expôs 269 trabalhos no Museu Nacional de Belas Artes. Antes havia executado três grandes painéis para o pavilhão brasileiro na Feira Mundial de Nova York. No mesmo ano nasceu seu único filho, João Cândido.

Companheiro de poetas, escritores, jornalistas, diplomatas, Portinari participa da elite intelectual brasileira numa época em que se verificava uma notável mudança da atitude estética e na cultura do país: tempos de Arte Moderna e apoio do mecenas Getúlio Vargas que, dentre outras qualidades soube cercar-se da nata da intelectualidade brasileira de seu tempo.

No final da década de trinta consolida-se a projeção de Portinari nos Estados Unidos. Em 1939 executa três grandes painéis para o pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York. Nesse mesmo ano o Museu de Arte Moderna de Nova York adquire sua tela O MORRO.
Em 1940, participa de uma mostra de arte latino-americana no Riverside Museum de Nova York e expõe individualmente no Instituto de Artes de Detroit e no Museu de Arte Moderna de Nova York, com grande sucesso de público, de crítica e mesmo de venda (menor das preocupações do Artista...)

Em dezembro deste ano a Universidade e Chicago publica o primeiro livro sobre o pintor, Portinari, His Life and Art, com introdução do artista Rockwell Kent e inúmeras reproduções de suas obras.

Em 1941, Portinari executa quatro grandes murais na Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso em Washington, com temas referentes à história latino-americana.

De volta ao Brasil, realiza em 1943 oito painéis conhecidos como "Série Bíblica", fortemente influenciado pela visão picassiana de Guernica e sob o impacto da 2ª Guerra Mundial.

Em 1944, a convite do arquiteto Oscar Niemeyer, inicia as obras de decoração do conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, destacando-se o mural "Sâo Francisco" e a "Via Sacra", na Igreja da Pampulha.
A escalada do nazi-fascismo e os horrores da guerra reforçam o caráter social e trágico de sua obra, levando-o à produção das séries "Retirantes" e "Meninos de Brodoswki", entre 1944 e 1946, e à militância política, filiando-se ao Partido Comunista Brasileiro e candidatando-se a deputado, em 1945, e a senador, 1947.

Em 1948, Portinari exila-se no Uruguai, por motivos políticos, onde pinta o painel "A Primeira Missa no Brasil", encomendado pelo banco Boavista do Brasil.

Em 1949 executa o grande painel "Tiradentes", narrando episódios do julgamento e execução do herói brasileiro que lutou contra o domínio colonial português. Por este trabalho Portinari recebeu, em 1950, a medalha de ouro concedida pelo Juri do Prêmio Internacional da Paz, reunido em Varsóvia.

Em 1952, atendendo a encomenda do Banco da Bahia, realiza outro painel com temática histórica, "A Chegada da Família Portuguesa à Bahia" e inicia os estudos para os painéis "Guerra e Paz", oferecidos pelo governo brasileiro à nova sede da Organização das Nações Unidas. Concluídos em 1956, os painéis, medindo cerca de 14x10 m cada - os maiores pintados por Portinari - encontram-se no "hall" de entrada dos delgados de edifício-sede da ONU, em Nova York.

Em 1960 nasceu sua neta Denise, que passou a ocupar boa parte de seu tempo. Pintou muitos quadros com o retrato dela. Quando não estava com Denise, Portinari passava horas fitando o mar, sozinho. No ano seguinte escreveu um ensaio de oração para a neta.

Em Janeiro de 1962 sofreu nova intoxicação por chumbo, que já o atacara em 1954. Adoecido, não mais se recuperou. Nessa época, preparava uma grande exposição, com aproximadamente duzentas obras, a convite da prefeitura de Milão. Em 6 de Fevereiro, Portinari morreu, vítima de intoxicação pelas tintas que utilizava.

Fonte de Dados:

Países Ensaiam a Unificação Ortográfica

Em 1990, sete dos oito países que têm a Língua Portuguesa como oficial assinaram um acordo para unificar a ortografia. São eles: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal,e São Tomé e Príncipe.

Em 2004, foi a vez de Timor-Leste. As mudanças não significam a uniformização da língua Portuguesa porque a pronúncia, o vocabulário e a sintaxe permanecem como estão. O que muda é apenas a forma de escrever algumas palavras.

A reforma vem sendo discutida há mais de duas décadas. A decisão sobre o que mudar foi tomada em conjunto pela Academia Brasileira de Letras, a Academia das Ciências de Lisboa e representantes dos países africanos. Evanildo Bechara, da ABL explica que os critérios para as novas regras não são científicos, já que quando se fala de ortografia pensa-se numa convenção que determinado povo adota para se comunicar pela escrita, que não precisa ser a tradução fiel da fala. "A ortografia é, na medida do possível, a combinação entre a etimologia e a pronúncia."

Depois de assinado o acordo, houve um protocolo modificativo em 2004, indicando que a unificação entraria em vigor com a ratificação de três países, o que já ocorreu no Brasil, em Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe. Tecnicamente, a reforma está em vigor desde janeiro de 2007.

Porém não há previsão de quando o acordo será oficializado no Brasil. O Ministério da Educação (MEC) sinalizou para 2009, mas ainda há negociações com as editoras dos livros didáticos a fim de definir o período exato de transição. "Esse edital, para os livros que serão usados em 2009, deve ser fechado com as novas regras", afirma o assessor especial do MEC, Carlos Alberto Xavier.

É pela sala de aula que a mudança deve mesmo começar, afirma o embaixador Lauro Moreira, representante brasileiro na CPLP (Comissão de Países de Língua Portuguesa). "Não tenho dúvida de que, quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará. Levará um tempo para que as pessoas se acostumem com a nova grafia, como ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor aos poucos."

António Ilharco, assessor da CPLP, lembra que é preciso um processo de convergência para que a grafia atual se unifique com a nova. "Não se pode esperar resultados imediatos." O ideal seria que a nova ortografia começasse, também, nos outros cinco países que falam português (Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste). Mas eles ainda não ratificaram o acordo.

"Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido", afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.

Para ele, Portugal não tem motivos para a resistência. "Fala-se de uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um conservadorismo lingüístico. Isso não é desculpa", afirma.

Um dos grandes argumentos de defesa do acordo ortográfico refere-se ao aspecto geopolítico. "Queremos preservar a diversidade do idioma, mas fortalecê-lo no âmbito mundial", justifica Luiz Fonseca, secretário geral da CPLP. "Um idioma com uma única escrita pode ser divulgado com mais rapidez, facilitando o intercâmbio cultural."

Os impactos das modicações são difíceis de avaliar. No século passado, houve duas reformas: uma em 1943 e outra em 1971. Carlos Alberto Xavier, assessor especial do MEC, diz que os professores serão orientados sobre as regras, na época da oficialização dos acordos. E durante um período mínimo de dois anos, as duas ortografias serão consideradas corretas.

Afinal, O Que Muda ?

HÍFEN - Não se usará mais:

Quando o segundo elemento começa com s ou r, como em "antirreligioso", "antissemita", "contrarregra", "infrassom".
Exceção quando os prefixos terminam com r como em "hiper", "inter" e "super".
Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: "extraescolar", "aeroespacial", "autoestrada".

TREMA
- Deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados

ACENTO DIFERENCIAL - Não se usará mais para diferenciar:

"pára" ( verbo parar) de "para" (preposição)
"péla" (verbo pelar) de "pela" (preposição com artigo)
"pólo" (substantivo) de "polo" ( preposição"por" com "lo")
"pélo" (verbo pelar), "pêlo" (substantivo) e "pelo" (preposição com artigo)
"pêra" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera" (preposição arcaica)

ALFABETO - Passará a ter 26 letras, incorporando K, W e Y

ACENTO CIRCUNFLEXO - Não se usará mais:

Nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus derivados. A grafia correta será "creem", "deem", "leem" e "veem"

Em palavras terminadas em hiato "oo", como "enjôo" e "vôo".

ACENTO AGUDO - Não se usará mais:

Nos ditongos abertos ei,oi de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia"e "heróica".
Nas palavras paroxítonas, com i,u tônicos, precedidos de ditongo como em "feiúra" e "baiúca".
Nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com u tônico precedido de g,q ou seguido de e,i como "averigúe" (de averiguar), "apazigúe" (de apaziguar) e "argúem" (de argüir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem.

In:Revista Nova Escola. Fundação Carlos Victor Civita. Ano 22, N. 206, Out. 2007.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Criança


Hoje é Dia de Brincar com o Pé do Lado de Fora !

Brincar não é Brincadeira. É sério. É a coisa mais importante que você pode fazer hoje pelo seu filho para ele ser uma pessoa melhor no futuro. Brincadeira não é só alegria. É a grande oportunidade de a criança aprender pela própria experiência. É a semente da cidadania, é a compreeensão do relacionamento, do respeito ao outro. Para pais e mães, é o momento de estreitar os laços. É um jeito de dizer "eu te amo", sem palavras, que todas as crianças entendem.

Brincar é sempre, desde bebês até saírem de casa para enfrentar o mundo. A cada idade, há um jeito ideal de brincar. Em cada família, uma dinâmica diferente que junta afeto e brincadeira de um modo particular. Essas diferenças, interessantíssimas, acontecem de país para país, de continente para continente. E, assim como as semelhanças, mostram que crianças em qualquer canto do planeta, são igualzinhas: querem brincar!

A consciência global sobre as mudanças climáticas do planeta se intensificou bastante nos últimos dias, e assim o papel da natureza na vida das crianças assumiu uma importância ainda maior. Reconectar as crianças com a natureza é a preocupação de muitos ambientalistas. Seu receio: se elas se distanciarem da natureza, será que se importarão com o meio ambiente daqui a 20 anos? As crianças de hoje provavelmente podem falar sobre a destruição da Amazônia, mas quando foi a última vez que elas exploraram alguma floresta? Ou então se deitaram no campo imaginando figuras nas nuvens?

O educador americano David Sobel diz: "O importante é que as crianças tenham uma oportunidade de se conectar com o mundo natural e aprendam a amá-lo, antes que lhes peçamos que curem suas feridas".
Apesar da tantas distrações eletrônicas na infância, um movimento "criança-na-natureza" está se espalhando pelos Estados Unidos e pela Europa. O governador do Estado de Connecticut lançou uma campanha, chamada “Nenhuma Criança Dentro de Casa”, para reintroduzi-las nos parques e nas florestas. Ela tem gerado uma resposta impressionante. Em questão de horas após o início do programa “A Caçada ao Tesouro do Parque”, centenas de famílias se inscreveram.

Na Suécia, na Austrália, no Canadá e nos Estados Unidos, estudos verificaram que crianças em playgrounds com áreas verdes, quando comparadas com crianças em locais de recreação mais pavimentados, se engajavam em brincadeiras mais criativas e cooperativas, cultivavam relacionamentos mais igualitários entre meninos e meninas. Também experimentavam uma maior sensação de deslumbramento. A cidade de Zurique, na Suíça, está reprojetando suas escolas, quebrando as superfícies de concreto ao redor dos prédios, para plantar árvores e grama.

Estudos com crianças diagnosticadas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), no Laboratório de Pesquisas de Ambiente Humano da Universidade de Illinois, nos EUA, demonstraram que ambientes naturais - até mesmo uma vista verde através de uma janela - reduzem os sintomas. Comparadas aos efeitos da recreação em áreas cimentadas, sejam elas em ambientes fechados, sejam ao ar livre, as atividades em ambientes naturais e verdejantes em geral faziam com que as crianças hiperativas fossem mais capazes de se concentrar. "E, quanto mais verde fosse o ambiente, maior era o efeito", diz o diretor Francis Kuo.

Em contrapartida, atividades em ambientes fechados, tais como assistir a TV, aumentavam os sintomas nessas mesmas crianças. Ele afirma que um "tempo verde" para tratamento de hiperatividade e déficit de atenção tem várias vantagens: é livre de efeitos colaterais, barato e não estigmatizante. "O contato com a natureza é tão importante para as crianças como boa nutrição e sono adequado", diz Kuo.

Baseada nesses estudos, a Universidade de Illinois emitiu as seguintes orientações para pais e professores:

- Encoraje as crianças para que estudem ou brinquem em salas com vista para a natureza.

- Inspire as crianças para que brinquem ao ar livre em espaços verdes.

- Plante e cuide de árvores ou vegetação com seus filhos.

Eu acrescentaria mais duas dicas para contrabalançar a "desordem de déficit de natureza". Primeiro, leve seu filho para explorar qualquer área natural e encoraje-o a descrever o que experimentou com palavras e desenhos. Segundo, plante um jardim com seu filho, cultivando verduras que possam ser consumidas depois.

Curar a cisão entre os mais jovens e a natureza poderá não apenas criar uma nova geração de defensores ambientais, de adultos saudáveis física e mentalmente, mas também restaurará na criança sua capacidade natural de maravilhar-se com o mundo a seu redor. Como um menino de 4 anos perguntou a sua mãe: "Deus e a Mãe Natureza são casados ou apenas bons amigos?".

Susan Andrews
é psicóloga e monja iogue. Autora do livro Stress a Seu Favor e coordenadora do Parque Ecológico Visão Futuro.

Leitura



A Leitura Funcional e a Dupla Função do Texto Didático


O texto de Mário Perini, correspondente ao capítulo 6 do livro Leitura: Perspectivas Interdisciplinares, procura destacar a situação da leitura, em meio a sociedade brasileira, e apresentar possíveis soluções para a questão do analfabetismo funcional.

O autor parte de um dado estatístico para, então, desenvolver as suas idéias. Segundo ele, a maior parte da população brasileira não possui a leitura funcional, ou seja, não consegue ler e compreender o sentido de um texto. Geralmente, essas pessoas sabem assinar o próprio nome e identificar o letreiro de ônibus. Porém, quando se trata de ler uma reportagem de jornal, por exemplo, e entender o que se passa no país, eles são como crianças de jardim de infância.

Uma das causas desse fato pode ser, como afirma Perini, o descuido das instituições de ensino com a prática da leitura. Como é uma das função da escola despertar no aluno o interesse e a capacidade de compreensão de textos, alguma coisa deve estar errada na forma de trabalho dessas instituições.

Desta maneira, o autor chega à conclusão que, entre outras deficiências, o sistema educacional oferece livros didáticos não adequados para o desenvolvimento da capacidade de compreenssão e leitura dos alunos.

É claro que, os estudantes de classes sociais mais altas, possuem um maior número de oportunidades para entrar em contato com a leitura. Seus pais, provavelmente, possuem livros em casa, ganham de presente, ou mesmo levam os filhos, de vez em quando, a uma feira de livro.
Contudo, os alunos que apresentam dificuldades financeiras graves (e esses são a maioria no Brasil), apenas interagem com livros e textos, quando estão dentro da escola. Então, como fazer para que o aluno, de pouca condição financeira, possa desenvolver suas habilidades de leitura de maneira autônoma e dentro do espaço escolar?

Esse é o principal objetivo do autor ao construir o texto, ou seja, apresentar um caminho para que o estudante, de pequena condição financeira, possa utilizar a leitura de maneira funcional. E, para isso, a escola precisa proporcionar ao aluno um covívio com materiais escritos de qualidade.

A partir de então, Perini parte para outra questão importante: Tanto os livros de Língua Portuguesa, quanto os livros de todas as demais disciplinas, devem proporcionar ao aluno a capacidade de desenvolver a habilidade da leitura. Assim, podemos compreender o que o autor quer dizer com a expressão “dupla função do texto didático”, ou seja, os livro didáticos, de maneira geral, devem permitir que o aluno adquira novos conhecimentos (referentes às matérias curriculares) e, ainda, devem permitir que ele aprimore a capacidade de ler.

Para isso, Perini acredita que o texto didático deve, primeiramente, ser adequado para a faixa etária e para o perfil do aluno a que se destina. Em seguida, devem ser observados os três níveis de complexidade de um texto: A dificuldade do assunto que apresenta, a dificuldade do conhecimento prévio que demanda e a dificuldade de linguagem discursiva. Assim, os autores devem se preocupar, principalmente, com essa última dificuldade referente a linguagem utilizada. Muitas vezes, os livros destinados a uma determinada série escolar, apresentam uma forma de utilizar as palavras, ou seja, uma forma de composição das sentenças linguísticas, muito mais elaborada do que o aluno pode captar.

Assim, Mário Perini deixa claro como os livros didáticos são, de fato, um dos problemas principais que geram a falta de interesse pela leitura e a dificuldade, de se desenvolver leitores funcionais, em meio a uma sociedade, já tão dividida e pouco igualitária.

Resumindo, os profissionais em educação devem compreender que:
  1. A capacidade da leitura é desenvolvida não apenas pelo professor de Português, mas, por toda a escola.
  2. O livro didático é um instrumento crucial para a aquisição da leitura funcional e, portanto, deve ser planejado e elaborado visando ao aprimoramento da capacidade de leitura.
  3. É preciso conscientizar autores e editoras a respeito da necessidade de se reformular os livros didáticos no intuito de permitir um melhor desenvolvimento linguístico do aluno.

    Flávia Amazonas de Azevedo

Poesia



Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela...


Amo-te assim, desconhecida e obscura,

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela

E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


Olavo Bilac

Ganga: Tecido Muito Resistente

Clangor: Som Estridente

Trom: Estrondo de Canhão

Silvo: Som Agudo

Arrolo: Canto, Melodia

Viço: Força, Vigor

Ventura: Sorte


domingo, outubro 21, 2007

Filme: O Enigma de Kaspar Hauser


O Poder da Convivência Social
O Enigma de Kaspar Houser é um filme comovente, interessante e importante para destacar como a convivência social é fundamental para a formação e o desenvolvimento de todos os seres humanos.

Kaspar Houser era um homem jovem que viveu dezesseis anos trancado em um porão, sem poder andar e se comunicar como a maioria das pessoas. Um certo dia, no ano de 1828, ele foi deixado em uma praça para que as pessoas do lugar o encontrassem.

Kaspar Houser não conseguia falar direito, comer sentado em uma mesa e mal se movimentava. Como o objetivo da ciência é procurar entender e explicar os acontecimentos do mundo, Kaspar Houser poderia, perfeitamente, ser observado, analisado e estudado da mesma maneira como os cientistas pesquisam e estudam a respeito dos fatos. Afinal, como explicar o crescimento e o desenvolvimento de um homem em tais cirscunstâncias? Seria posssível?

Ao longo do tempo, Kaspar Houser foi sendo socializado por intermédio de uma família que resolveu ajudá-lo. Além disso, um homem sábio e possuidor de recursos financeiros, se interessou por cuidar da educação do rapaz. Aos poucos, Kaspar Houser foi aprendendo a escrever, a falar de forma mais clara e a tocar piano. Apesar de todo o seu aprimoramento, muitas pessoas ainda o consideravam diferente e, por isso, o menosprezavam.

Kaspar Houser, assim, começou a se sentir infeliz. Ele percebia como as pessoas olhavam e caçoavam dele. Certo dia, alguém perguntou como era a vida no porão e ele afirmou: “bem melhor do que aqui”. Ele não conseguia compreender como os homens podiam ser tão cruéis uns com os outros. Ou seja, Kaspar Houser não se importava com as questões de comportamento consideradas importantes para aquelas pessoas. Ele não havia sido criado em comunidade e, portanto, não tinha assimilado as mesmas idéias sobre convivência social que a maioria dos indivíduos assimilam. O raciocínio do rapaz era isento de qualquer conceito pré-estabelecido pela sociedade. Por isso ele não compreendia o senso comum.

O olhar de Kaspar Houser perante os costumes, valores e conceitos, disceminados pela sociedade, era como a visão de um cientista que busca entender a realidade, sem levar em consideração a existência de verdades absolutas. Ou seja, o jovem buscava compreender a realidade apenas utilizando a lógica, a observação e a reflexão.

Dessa maneira, a vida de Kaspar Houser demonstra, de forma simples e clara, como a sociedade transmite valores, conceitos e idéias importantes para o crescimento dos seres humanos, embora todos nós tenhamos o direito de não concordar com elas.
Flávia Amazonas de Azevedo
O Enigma de Kaspar Hauser.
Direção, roteiro e produção de Werner Herzog. Fox Filmes. Alemanha, 1974
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sexta-feira, outubro 19, 2007

O Livro

O livro é Passaporte, é Bilhete de Partida

Estava relendo alguns arquivos de internet quando deparei-me com os textos do filósofo, educador e escritor Bartolomeu Campos. Suas palavras são tão suaves e, ao mesmo tempo, tão profundas que resolvi publicar algumas dessas "portas " aqui neste pequeno e humilde espaço.
Um Grande Abraço,
Flavia Amazonas de Azevedo
"Desconheço liberdade maior e mais duradoura do que esta do leitor ceder-se à escrita do outro, inscrevendo-se entre as suas palavras e os seus silêncios. Texto e leitor ultrapassam a solidão individual para se enlaçarem pelas interações. Esse abraço a partir do texto é a soma das diferenças, movida pela emoção, estabelecendo um encontro fraterno e possível entre leitor e escritor. Cabe ao escritor estirar sua fantasia para, assim, o leitor projetar seus sonhos.
As palavras são portas e janelas. Se debruçamos e reparamos, nos inscrevemos na paisagem. Se destrancamos as portas, o enredo do universo nos visita. Ler é somar-se ao mundo, é iluminar-se com a claridade do já decifrado. Escrever é dividir-se.
Cada palavra descortina um horizonte, cada frase anuncia outra estação. E os olhos, tomando das rédeas, abrem caminhos, entre linhas, para as viagens do pensamento. O livro é passaporte, é bilhete de partida.
A leitura guarda espaço para o leitor imaginar sua própria humanidade e apropriar-se de sua fragilidade, com seus sonhos, seus devaneios e sua experiência. A leitura acorda no sujeito dizeres insuspeitados enquanto redimensiona seus entendimentos.
Há trabalho mais definitivo, há ação mais absoluta do que essa de aproximar o homem do livro? (...)"
In: PRADO, Jason et CONDINI, Paulo (orgs.) A formação do leitor - pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999.
Bartolomeu Campos Queirós
é Mineiro, graduado em Filosofia com especialidade em arte-educação pelo instituto Pedagógico Nacional de Paris, escritor e poeta premiado nacional e internacionalmente, conferencista e autor de publicações sobre educação e leitura. Membro do Comitê Estratégico do Leia Brasil - Programa de Leitura da Petrobrás.


sábado, outubro 13, 2007

Teatro


Encontro Marcado com a Literatura

Existem eventos que parecem ser elaborados para agradar diversos tipos de público: jovens, crianças, homens e mulheres. Dos mais flexíveis aos mais tradicionalistas. Afinal, todos temos o direito a dar boas risadas e, pelo menos durante algumas horas, sentir a leveza e a descontração de um mundo imaginário.

Esta parece ser a proposta de O Encontro de Machado de Assis e Arthur Azevedo, um espetáculo teatral que já conquistou muitos fãs e admiradores desde as primeiras apresentações em 2004.

A peça é narrada pelos principais personagens Arthur e Machado, que ao longo da apresentação, contam um pouco sobre as experiências pessoais desses dois consagrados escritores e sobre a cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX.

O público é dividido em dois grupos, que caminham pelos cômodos do Casarão do Solar do Jambeiro, antigo “Palacete Bartholdy” , como era chamado, assistindo a diversas encenações que retratam a sociedade carioca daquela época.

Muito alegre e divertidas, as apresentações levam o espectador a uma verdadeira viagem no tempo, sentindo como se estivesse fazendo parte da história e vivendo as mesmas emoções dos personagens.

O primeiro texto é Antes da Missa, de Machado de Assis, narrando um diálogo entre duas amigas que conversam sobre “coisas” tipicamente femininas. Falam sobre roupas, moças, comentários circulantes pela cidade, entre outros assuntos. Sempre com muito entusiasmo e entonações fortes, as atrizes demonstram talento e autenticidade retratando os sentimentos das mulheres naquela época.

O roteiro segue com o texto O Padre Mestre, de Arthur Azevedo. Engraçado e um tanto exagerado, assim como ficaram conhecidos os textos do autor, este narra o encontro de um padre, figura muito idolatrada, com uma mulher casada, e mãe de uma filha, que mantinha com o mesmo um relacionamento amoroso.

Continuando o espetáculo, uma das atrizes canta Lua Branca, de Chiquinha Gonzaga. Com ela, o público relembra os maravilhosos encontros musicais ocorridos na época, como as apresentações da própria Chiquinha, levando o samba de rua, o maxixe e o chorinho para dentro dos salões cariocas.

A partir de então, o roteiro segue com textos como Confidências, de Arthur Azevedo, Sonho de Moça, A casa de Susana, Pobres Animais, Missa do Galo, A Carolina, de Machado de Assis e por último, Opinião Prudente de Arthur Azevedo.

Com adaptação, direção e produção de Leonardo Simões, o espetáculo é muito divertido e de boa qualidade. O roteiro relembra interessantes e engraçados acontecimentos da história, como o surgimento do primeiro automóvel no país, o aparecimento do jogo do bicho, a criação da sociedade protetora dos animais, o início da preocupação social com relação à higiene e à saúde, entre outros.

As falas e as interpretações são bem elaboradas, apresentam curiosos elementos da linguagem da época, mas ao mesmo tempo, trazem expressões contemporâneas que acentuam as diferenças históricas e tornam os diálogos mais atuais e interessantes. A interpretação do elenco é muito envolvente e realista. Com um figurino próprio, um cenário que valoriza a obra e músicas típicas daquela época, pode-se dizer que a apresentação é uma verdadeira obra de arte. Vale a pena conferir!

A partir do dia 12 de de Outubro a 14 de Dezembro deste ano, os encontros serão realizados todas as sextas-feiras, às19 horas, no Casarão do Solar do Jambeiro, no Ingá. O ingresso custa R$ 20,00 com direito a meia-entrada para estudantes, menores de 12 anos e maiores de 60 anos. Quem possuir alguma dúvida ou desejar buscar outras informações é só ligar para o número 2109-2222.

O Solar do Jambeiro fica na Rua Presidente Domiciano, 195 - Ingá – Niterói – Rio de Janeiro.

Flávia Amazonas de Azevedo

Um Livro de Emoções e Descobertas


ARRABAL, José. Histórias do Brasil. São Paulo: Paulinas, 2005.

Histórias do Brasil é um curioso e envolvente livro de aventuras que através de uma linguagem simples e objetiva consegue prender a atenção do leitor, fazendo-o viajar em companhia de misteriosas figuras folclóricas.

A obra é composta por cinco histórias correspondentes às cinco regiões geográficas do Brasil. Através dessas narrativas, é possível conhecer algumas lendas próprias da cultura espontânea. Elementos como o negro d’água, o cavalo-sem-cabeça, o arranca-línguas e o boitatá são apresentados ao leitor como figuras capazes de criar as mais diversas e engraçadas surpresas.

Como o Brasil é repleto de lendas, mitos e crenças que, em cada localidade, apresentam significados e características diferentes, torna-se, muitas vezes, difícil para as pessoas compreender as experiências transmitidas pela sabedoria popular. Contudo, é a partir dessas manifestações culturais que podemos conhecer as habilidades, costumes e tradições de um povo.

Assim, por mais que o tempo passe e as transformações econômicas, políticas e sociais ocorram, figuras lendárias como o saci pererê, o lobisomem, o boto cor-de-rosa e o bicho-papão continuam percorrendo o imaginário das crianças, contribuindo para o desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade e do controle emocional das pessoas.

Desta maneira, a leitura de textos como Histórias do Brasil, torna-se importante para a valorização e preservação da cultura brasileira e, ainda, para a manutenção de uma identidade nacional. A partir do momento que compreendemos as particularidades do nosso país, podemos buscar novas maneiras de agir em direção ao desenvolvimento, podemos encontrar novas formas de transformação da realidade no intuito de construir uma sociedade mais justa e igual.
Flávia Amazonas de Azevedo

Cultura Espontânea é o acervo de conhecimentos apreendidos ao sabor da vivência, fruto das experiências do homem no contato informal com o semelhante.

Esta Definição pode ser encontrada em : KODAMA, Kátia (org.). Folclore Brasileiro. São Paulo: Copidart Editora, 2001.