terça-feira, outubro 23, 2007

Pintura


Quem foi Candido Portinari ?

Candido Torquato Portinari foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional com mais de cinco mil obras concluídas, desde pequenos esboços a gigantescos murais.

Nasceu numa fazenda de café, Santa Rosa, no interior de São Paulo, em 29 de Dezembro de 1903. Filho dos imigrantes italianos Giovan Battista Portinari e Domenica Torquato, que tiveram doze filhos, sendo ele o segundo. De família humilde, cursou apenas o primário, porém desde criança manifestou sua vocação artística.

Aos seis anos de idade, Portinari começou a desenhar, sendo que aos nove participou durante vários meses dos trabalhos de restauração da igreja de Brodowski, sua cidade natal, ajudando os pintores italianos. Aos nove anos, desenhou o retrato de Carlos Gomes, como via numa caixa de cigarros.

Em 1918, Portinari, também chamado carinhosamente de "Candinho" pela família, viajou para São Paulo, para ingressar no Liceu de Arte e Ofícios de São Paulo. Contudo, aos quinze anos de idade, matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, na qual estudou desenho e pintura, tendo como professores Rodolfo Amoedo, Batista da Costa, Lucílio Albuquerque e Carlos Chambelland.

Em 1922, Portinari executou um retrato para o Salão de Belas Artes, e ganhou medalha de bronze pelo seu trabalho. Em 1928 conquistou o "Prêmio de Viagem ao Estrangeiro", da Exposição Geral de Belas-Artes, de tradição acadêmica.

Em 1929, Portinari partiu para a Europa, viajou pela Itália, Inglaterra, Espanha e se fixou em Paris, onde permaneceu até 1930. Ia diariamente aos museus e lá descobriu a pintura moderna. Discutia sobre arte nos cafés e não tinha quase nenhum tempo para pintar. Foi em Paris que Portinari conhece Maria Martinelli, com quem mais tarde se casou.

Longe de sua pátria, saudoso de sua gente, Portinari decide, ao voltar para o Brasil em 1931, retratar nas suas telas o povo brasileiro, superando aos poucos sua formação acadêmica e fundindo a ciência antiga da pintura a uma personalidade experimentalista e moderna.

Em 1932, Portinari expôs individualmente. Três anos depois, em 1935, seu quadro, em grandes proporções, Café recebeu a segunda menção honrosa da Exposição Internacional do Instituto Carnegie, nos Estados unidos.
Em 1936 revelou sua inclinação muralista através dos painéis executados no Monumento Rodoviário situado no Eixo Rio–São Paulo (Via Dutra), nos afrescos do novo edifício do Ministério da Educação e Saúde, realizados entre 1936 e 1944. Estes trabalhos, como conjunto e concepção artística, representam um marco na evolução da arte de Portinari, afirmando a opção pela temática social, que será o fio condutor de toda a sua obra a partir de então.

Nessa época, foi nomeado professor de pintura do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. Em novembro de 1939 expôs 269 trabalhos no Museu Nacional de Belas Artes. Antes havia executado três grandes painéis para o pavilhão brasileiro na Feira Mundial de Nova York. No mesmo ano nasceu seu único filho, João Cândido.

Companheiro de poetas, escritores, jornalistas, diplomatas, Portinari participa da elite intelectual brasileira numa época em que se verificava uma notável mudança da atitude estética e na cultura do país: tempos de Arte Moderna e apoio do mecenas Getúlio Vargas que, dentre outras qualidades soube cercar-se da nata da intelectualidade brasileira de seu tempo.

No final da década de trinta consolida-se a projeção de Portinari nos Estados Unidos. Em 1939 executa três grandes painéis para o pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York. Nesse mesmo ano o Museu de Arte Moderna de Nova York adquire sua tela O MORRO.
Em 1940, participa de uma mostra de arte latino-americana no Riverside Museum de Nova York e expõe individualmente no Instituto de Artes de Detroit e no Museu de Arte Moderna de Nova York, com grande sucesso de público, de crítica e mesmo de venda (menor das preocupações do Artista...)

Em dezembro deste ano a Universidade e Chicago publica o primeiro livro sobre o pintor, Portinari, His Life and Art, com introdução do artista Rockwell Kent e inúmeras reproduções de suas obras.

Em 1941, Portinari executa quatro grandes murais na Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso em Washington, com temas referentes à história latino-americana.

De volta ao Brasil, realiza em 1943 oito painéis conhecidos como "Série Bíblica", fortemente influenciado pela visão picassiana de Guernica e sob o impacto da 2ª Guerra Mundial.

Em 1944, a convite do arquiteto Oscar Niemeyer, inicia as obras de decoração do conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, destacando-se o mural "Sâo Francisco" e a "Via Sacra", na Igreja da Pampulha.
A escalada do nazi-fascismo e os horrores da guerra reforçam o caráter social e trágico de sua obra, levando-o à produção das séries "Retirantes" e "Meninos de Brodoswki", entre 1944 e 1946, e à militância política, filiando-se ao Partido Comunista Brasileiro e candidatando-se a deputado, em 1945, e a senador, 1947.

Em 1948, Portinari exila-se no Uruguai, por motivos políticos, onde pinta o painel "A Primeira Missa no Brasil", encomendado pelo banco Boavista do Brasil.

Em 1949 executa o grande painel "Tiradentes", narrando episódios do julgamento e execução do herói brasileiro que lutou contra o domínio colonial português. Por este trabalho Portinari recebeu, em 1950, a medalha de ouro concedida pelo Juri do Prêmio Internacional da Paz, reunido em Varsóvia.

Em 1952, atendendo a encomenda do Banco da Bahia, realiza outro painel com temática histórica, "A Chegada da Família Portuguesa à Bahia" e inicia os estudos para os painéis "Guerra e Paz", oferecidos pelo governo brasileiro à nova sede da Organização das Nações Unidas. Concluídos em 1956, os painéis, medindo cerca de 14x10 m cada - os maiores pintados por Portinari - encontram-se no "hall" de entrada dos delgados de edifício-sede da ONU, em Nova York.

Em 1960 nasceu sua neta Denise, que passou a ocupar boa parte de seu tempo. Pintou muitos quadros com o retrato dela. Quando não estava com Denise, Portinari passava horas fitando o mar, sozinho. No ano seguinte escreveu um ensaio de oração para a neta.

Em Janeiro de 1962 sofreu nova intoxicação por chumbo, que já o atacara em 1954. Adoecido, não mais se recuperou. Nessa época, preparava uma grande exposição, com aproximadamente duzentas obras, a convite da prefeitura de Milão. Em 6 de Fevereiro, Portinari morreu, vítima de intoxicação pelas tintas que utilizava.

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