domingo, outubro 21, 2007

Filme: O Enigma de Kaspar Hauser


O Poder da Convivência Social
O Enigma de Kaspar Houser é um filme comovente, interessante e importante para destacar como a convivência social é fundamental para a formação e o desenvolvimento de todos os seres humanos.

Kaspar Houser era um homem jovem que viveu dezesseis anos trancado em um porão, sem poder andar e se comunicar como a maioria das pessoas. Um certo dia, no ano de 1828, ele foi deixado em uma praça para que as pessoas do lugar o encontrassem.

Kaspar Houser não conseguia falar direito, comer sentado em uma mesa e mal se movimentava. Como o objetivo da ciência é procurar entender e explicar os acontecimentos do mundo, Kaspar Houser poderia, perfeitamente, ser observado, analisado e estudado da mesma maneira como os cientistas pesquisam e estudam a respeito dos fatos. Afinal, como explicar o crescimento e o desenvolvimento de um homem em tais cirscunstâncias? Seria posssível?

Ao longo do tempo, Kaspar Houser foi sendo socializado por intermédio de uma família que resolveu ajudá-lo. Além disso, um homem sábio e possuidor de recursos financeiros, se interessou por cuidar da educação do rapaz. Aos poucos, Kaspar Houser foi aprendendo a escrever, a falar de forma mais clara e a tocar piano. Apesar de todo o seu aprimoramento, muitas pessoas ainda o consideravam diferente e, por isso, o menosprezavam.

Kaspar Houser, assim, começou a se sentir infeliz. Ele percebia como as pessoas olhavam e caçoavam dele. Certo dia, alguém perguntou como era a vida no porão e ele afirmou: “bem melhor do que aqui”. Ele não conseguia compreender como os homens podiam ser tão cruéis uns com os outros. Ou seja, Kaspar Houser não se importava com as questões de comportamento consideradas importantes para aquelas pessoas. Ele não havia sido criado em comunidade e, portanto, não tinha assimilado as mesmas idéias sobre convivência social que a maioria dos indivíduos assimilam. O raciocínio do rapaz era isento de qualquer conceito pré-estabelecido pela sociedade. Por isso ele não compreendia o senso comum.

O olhar de Kaspar Houser perante os costumes, valores e conceitos, disceminados pela sociedade, era como a visão de um cientista que busca entender a realidade, sem levar em consideração a existência de verdades absolutas. Ou seja, o jovem buscava compreender a realidade apenas utilizando a lógica, a observação e a reflexão.

Dessa maneira, a vida de Kaspar Houser demonstra, de forma simples e clara, como a sociedade transmite valores, conceitos e idéias importantes para o crescimento dos seres humanos, embora todos nós tenhamos o direito de não concordar com elas.
Flávia Amazonas de Azevedo
O Enigma de Kaspar Hauser.
Direção, roteiro e produção de Werner Herzog. Fox Filmes. Alemanha, 1974
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