terça-feira, abril 18, 2006

Questão Social


A Palavra como Indicador De Transformações Sociais

A forma de utilização da língua é um sinal facilmente perceptível do nível cultural de um povo. Através das interações sociais, dos diálogos estabelecidos entre as pessoas, ou através da leitura de alguns jornais ou revistas, é possível perceber como os indivíduos conhecem a língua e percebem a realidade que os cercam.

Como afirma alguns intelectuais e professores, a leitura expande a capacidade de compreensão e reflexão do ser humano, permitindo a maior habilidade de analisar e refletir sobre diversos acontecimentos. Se as principais formas de expressão, fala e escrita, são dominadas pelas pessoas, verifica-se uma maior capacidade de interpretar, entender e influenciar os fatos de uma sociedade.

Se a leitura é dominada, o indivíduo demonstra competência para utilizar a Internet, ler jornais, e outros meios de comunicação, através dos quais, passa a perceber as forças políticas que agem na administração pública, a conjuntura econômica e social, a forma como a população vive, os hábitos principais de um povo, os costumes e outras diferentes questões.

Assim, sabendo o que ocorre na comunidade e utilizando o conhecimento, adquirido ao longo da vida, o indivíduo torna-se, totalmente, capaz de agir, a favor do crescimento e do desenvolvimento de um país. Através de ações sociais, assistencialistas ou reinvidicatórias, todos nós podemos ajudar milhares de outros brasileiros a alcançar a verdadeira cidadania. Basta querer e fazer!
Flávia Amazonas de Azevedo

Minha Visão do Exílio


Minha terra tem palmeiras
E diversos sabiás.
As rosas que aqui passeiam,
Não passeiam como lá.

Nosso povo tem mais ginga.
Nossa ginga mais amores.
Os governantes têm mais vida.
E as ruas mais horrores.

Se desejar um dia à noite
Verás muitas crianças por lá.
Elas brincam na cidade
Repletas de sangue e ódio no olhar.

No interior e pelas ruas
Verás pessoas sem compostura.
Os governantes não têm vergonha
E a corrupção virou uma loucura.

Não permita Deus que eu morra
sem antes voltar para cá.
A vida lá é muita injusta.
Mais prazer encontro eu cá.

Quero trazer minha família
Pra bem longe do Sol morar.
Flávia Amzonas de Azevedo

Livro: A Importância do Ato de Ler

O Papel da Leitura na Formação Pessoal
No livro A Importância do Ato de Ler, o autor Paulo Freire, através da exposição de três artigos, procura demonstrar como a leitura é capaz de influenciar as ações e percepções do ser humano.

Iniciando a escrita com uma prazerosa retrospectiva de sua vida, Freire destaca que a leitura está presente em todos os momentos das nossas vidas, mesmo quando ainda não somos capazes de identificar as palavras escritas. Segundo ele, antes da alfabetização, já somos capazes de perceber o mundo por meio das cores, dos gestos das pessoas, do sabor dos alimentos, das emoções e sentimentos transmitidos, etc. Assim, vamos construindo, desde bebê, a nossa percepção sobre a realidade.

Além disso, para aprendermos o alfabeto e o significado das palavras, utilizamos essas observações sobre o que ocorre ao redor. Sem isto, não seria possível aprendermos a ler. Primeiro aprendemos a sentir e observar o mundo, para depois, aprendermos a ler e escrever. A leitura do mundo precede, assim, a leitura da palavra.

Desta maneira, após sermos capazes de ler, e compreender a escrita, passamos a utilizar mais um canal, ou instrumento, para compor nossa visão de mundo. Com a leitura, temos a possibilidade de observar o que ocorre, a partir de outros pontos de vista, ou seja, a partir da leitura de textos escritos por diferentes pessoas.

Não há como negar que a leitura permite entender, de forma mais completa, os acontecimentos da realidade. Através dos jornais e revistas impressos, o ser humano pode conhecer os fatos correntes do mundo e assim, desenvolver uma visão mais crítica a respeito da sociedade. Somente a partir desta visão, o homem pode exercer o verdadeiro papel da cidadania, contribuindo, através das suas ações, para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e menos desigual.

A partir desta idéia, vemos como a leitura é importante para o desenvolvimento e a manutenção de um país. Se as pessoas não são capazes de analisar os fatos, a partir de outros pontos de vista, elas não estarão aptas a ajudar no desenvolvimento de uma sociedade. Ou seja, elas não serão capazes de perceber os diferentes interesses políticos dos governantes, a busca, incessante, pelo lucro nas empresas, a necessidade de se diminuir a agressão ao meio ambiente, a falta de ação da sociedade, entre outras questões. Assim, essas pessoas não são capazes de agir, de alguma maneira, a favor das comunidades.

Como podemos pensar, então, em desenvolvimento dentro de um país, em que grande parte da população não tem capacidade de ler? Como podemos pensar em modernização, se a pequena parte da sociedade, capaz de efetuar a leitura, a realiza, na maioria dos casos, de maneira sistemática e automatizada, sem uma, verdadeira, análise crítica dos fatos?

Realmente, é muito difícil compreender determinadas ações a favor do desenvolvimento, se a maioria das pessoas não são preparadas para conviver com a leitura. Pior do que isto, se muitas pessoas não tem acesso às instituições de ensino e, quando conseguem, estas se encontram em precárias condições.

Dessa forma, Freire acredita que para inverter esta situação, é importante existir a alfabetização de adultos e a criação de bibliotecas populares, onde as pessoas possam ter acesso a bons livros e manter uma certa regularidade na leitura. Mas, segundo ele, também é importante que a metodologia utilizada para ensinar essas pessoas, não seja aquela que mais esconda a verdade do que possibilite a sua ascensão. O ato de ler deve ser encarado como um ato de adquirir conhecimento. Portanto, deve ser ensinado como um ato criador, político, em que a reflexão sobre os fatos e a realidade esteja sempre presente.

Pensando nisto, Freire desenvolveu um método próprio de alfabetização para adultos. Nele, o autor procurou utilizar palavras e frases presentes, diariamente, na vida dessas pessoas, para que assim, elas tenham mais interesse no aprendizado e não acredite que este ato é desconectado da realidade, ou seja, que eles não poderão fazer uso deste na vida comum, melhorando e aprimorando as suas habilidades. As pessoas precisam acreditar que o estudo é capaz de trazer benefícios práticos em suas vidas. Assim, elas passam a acreditar que vale a pena se dedicar e se esforçar.

Freire procura construir textos, para que os alunos, a partir destas leituras, se tornem mais críticos em relação aos diferentes acontecimentos da realidade. No material didático, ele escreve, por exemplo, que nós aprendemos a ler para discutirmos sobre os interesses de nosso povo. Aprendemos a ler e escrever para aprendermos a pesar certo, para compreendermos melhor a luta a fim de se criar uma sociedade mais justa, uma sociedade sem explorados e exploradores, uma sociedade de trabalhadores. Para isto, torna-se necessário, então, a disciplina e o estudo.

Paulo destaca temas como: o ato de estudar, a luta pela libertação, a reconstrução nacional, o trabalho, o processo produtivo, o povo e a cultura, a sociedade nova, o homem e a mulher, entre outros. Dessa forma, ele desafia as pessoas a pensar, a analisar a realidade, e não apenas a memorizar palavras e letras através da leitura.

Assim, a partir da análise deste livro, acredito que Freire contribuiu, de forma muito significativa, para a educação e para a construção de uma sociedade menos despreparada. Mas, apesar disso, muito pode, e deve, ainda ser feito. As escolas precisam de mais atenção, os métodos de trabalho precisam ser analisados e, em alguns casos, modificados, os professores precisam estar mais preparados, entre outras ações. Porém, a forma de ensino, proposta por Freire, estará sempre contribuindo, e ensinando, para que muitas pessoas assumam, verdadeiramente, o papel, fundamental, de agentes da própria formação pessoal.

Flávia Amazonas de Azevedo

A Conquista da Autonomia


Pedagogia Para a Vida

Apesar de ser um livro, à primeira vista, simples, em função do tema que aborda, Pedagogia da Autonomia consegue despertar a atenção do leitor através de um texto bem estruturado, uma linguagem didática e, principalmente, através de certos questionamentos que servem como verdadeiras lições de vida para qualquer ser humano.

Paulo Freire inicia o pensamento, destacando a importância, fundamental, da educação no processo de desenvolvimento e formação do homem. Segundo ele, este ser é condicionado, desde o nascimento até a morte, a viver, eterna e continuamente, em função do processo de aprendizagem. Ou seja, segundo o autor, o bebê quando nasce, passa a viver, sempre, à procura de algo que sacie a sua vontade, natural, de aprender.

Muitos professores discutem a respeito das teorias pedagógicas. Mas, Paulo Freire destaca que o mais importante em qualquer tipo de aprendizagem, é desenvolver a capacidade humana de refletir, questionar e analisar.

Embora, em um primeiro momento, a necessidade humana de estar sempre em busca possa ser interpretada como um aspecto negativo, o autor destaca que esta é uma das maiores vantagens do homem. Uma vez consciente desta característica, o sujeito torna-se capaz de superar as dificuldades da vida e atingir os objetivos que deseja.

Para isto ocorrer, contudo, é necessário que o indivíduo entre em contato com outras pessoas, através da convivência social e, assim, utilize a linguagem para se comunicar. Desta maneira, esses seres podem transmitir informações uns aos outros e, com isso, transformar, em conjunto, os conhecimentos, adquiridos, em atividades práticas do dia-a-dia.

Neste sentido, os educadores em geral não devem afogar a liberdade do educando e discriminar o direito, inerente deste, de ser curioso e reflexivo. A condição de “não conclusão”, em que o homem se encontra, faz com que ele sinta a necessidade permanente de viver buscando, questionando e analisando os diferentes aspectos da vida.

Assim, o verdadeiro diálogo entre professores e alunos deve ser baseado no respeito às diferenças, de comportamento e conhecimento. Cada um desenvolve as suas potencialidades e habilidades de maneira particular, de acordo com o contexto, econômico, cultural e social em que vive.

Além disso, é importante destacar que a atividade de ensinar não está desvinculada da atividade de aprender. Quando convivemos em grupo, estamos, a todo instante, adquirindo novos conceitos. O professor que pensa de forma adequada, portanto, deixa transparecer aos alunos que uma das maiores alegrias atribuídas à possibilidade de viver é, antes de tudo, estar com o mundo, intervindo e conhecendo, cada vez mais, este mundo. Por isso, nas palavras de Paulo Freire, é inconciliável a ação de um bom educador e a arrogância de quem se acha “cheio de si”.

A partir deste ponto de vista, acredito que a habilidade de ensinar, e, portanto, de aprender deve, principalmente, fazer com que as pessoas aprimorarem, ao longo do tempo, a capacidade de agir e intervir, de forma influente, nos acontecimentos e fatos da realidade, criando e recriando, continuamente, o contexto da mesma.

Aprender, então, passa a ser visualizado como um processo a favor da mudança. Por isso, se faz necessário, desenvolver a habilidade de comparar, escolher, romper, decidir e estimular o processo de reflexão. Mudar é um direito de todos os seres humanos. E o papel principal do educador é, exatamente, contribuir para que o educando seja o agente principal da própria transformação, com a ajuda, e a orientação de um bom professor. Ou seja, ensinar e, conseqüentemente, aprender, não se constitui, apenas, na transmissão, ou no recebimento, de conhecimentos. Mas, principalmente, na criação de uma possibilidade individual de construir a própria sabedoria.

Flávia Amazonas de Azevedo

Sociedade dos Poetas Mortos


Uma Filosofia de Vida

No livro Pedagogia da Autonomia, o autor Paulo Freire afirma que o educador não pode negar o dever de, durante a prática pedagógica, reforçar a capacidade crítica, a criatividade e a insubmissão do educando.

A partir desta linha de pensamento, o filme Sociedade dos Poetas Mortos, demonstra, como a prática educativa deve ser, preferencialmente, realizada de maneira democrática e, assim, ser capaz de influenciar eternamente a vida de jovens estudantes.

A história se passa em uma tradicional escola da Inglaterra, no ano de 1959. Nesta, John Keating, é convidado para ocupar o cargo de um antigo profissional de Literatura que se aposentou após alguns anos de dedicação.

A filosofia de vida, e de trabalho, de Keating se resumia na expressão latina “Carpe Diem” que significa “Aproveite o Dia”. O professor, portanto, acredita que através da alegria e d0a felicidade o homem pode viver de maneira mais produtiva e prazerosa.

Dessa forma, Keating realiza suas aulas de uma maneira muito diferente da metodologia proposta pela escola. Ele procura transmitir aos estudantes a importância de se saber interpretar os fatos e acontecimentos da realidade a partir de um ponto de vista próprio e particular. Ele costumava dizer: “Na minha aula vocês aprenderão a pensar sozinhos. Aprenderão a saborear as palavras e a linguagem. Não importa o que digam, as palavras e as idéias podem mudar o mundo”.

Na verdade, acredito que Keating desejava destacar, exatamente, os principais conceitos sobre educação que Paulo Freire escreveu no livro mencionado. Segundo o autor, o ser humano é uma espécie de animal, originalmente, concebida de uma maneira inacabada. A partir desta idéia, o Homem deve ser compreendido como um ser predestinado a viver, eternamente, à procura de algo que o complete. Ou seja, a essência do ser humano está na busca, “insaciável”, pelo novo, pelo diferente e pelo conhecimento.

Dessa forma, a finalidade de qualquer sistema de ensino deve ser, principalmente, preparar o Homem para ser capaz de conviver com esta contínua necessidade de busca e, a partir dela, tornar-se, cada vez mais, capaz de se autodesenvolver, buscando para isto os objetivos que deseja.

No filme, Keating utiliza, inclusive, de maneira enfática, a frase: “Palavras e Idéias Podem Mudar o Mundo”. De acordo com Paulo Freire, não existe leitura crítica sobre o cotidiano da vida sem um sistema democrático de educação. Através das palavras e das idéias que formulamos, somos capazes de interpretar, influenciar e transformar os acontecimentos do mundo ao nosso redor.

Seguindo o conselho de Kenting, os meninos, da Welton Academy, começam a se libertar, um pouco mais, das imposições que os pais e a instituição efetuavam em suas vidas. Eles começam a ouvir a voz que, verdadeiramente, fala em seus corações e a realizar o que, realmente, desejam, independente do medo, da insegurança ou das dúvidas que possuam. Ou seja, os meninos adquiriram mais coragem e ousadia para enfrentar as dificuldades.

Assim, a partir desta análise, acredito que não importa qual seja a escola, instituição ou outro lugar no qual se esteja ensinando, os professores podem, e devem, adaptar as formas de trabalho a um método de ensino mais crítico e democrático.

Desta maneira, acredito que as pessoas, no presente e no futuro, se tornarão, mais aptas, para sobreviverem em um mundo altamente ligado pela da informação e, principalmente, movido através do interesse político de alguns governantes.

No entanto, é preciso ter em mente, que não devem ser criados grandes conflitos com pais de alunos e colegas de trabalho, visto que a colaboração destes, no processo de formação dos estudantes, é necessária. Porém, sempre que for possível realizar uma mudança no ensino, por menor que seja, com o intuito de aumentar a capacidade analítica e a criatividade dos alunos, esta será uma grande contribuição para a sociedade.

Flávia Amazonas de Azevedo

Livro: Pinóquio às Avessas


Uma História sobre Escolas e Professores
Apesar de ser um livro voltado para o público infantil, Pinóquio às Avessas aborda uma história muito interessante para que pais e educadores possam, por alguns instantes, analisar as diferentes metodologias de ensino, de forma mais crítica e menos condicionada.

Iniciando a escrita pela referência à famosa história do boneco de madeira, Rubem Alves, procura, ao longo de todo o texto, destacar um pensamento, um tanto equivocado, que se espalha, há anos, pela sociedade. De acordo com ele, muitas pessoas, ainda, acreditam que somente por meio da escola a criança pode se tornar "uma pessoa de verdade".

Rubem Alves decide, então, mostrar que muitas pessoas podem estudar em boas escolas, tirar excelentes notas, se tornar profissionais bem conceituados, porém, não atingir a tão sonhada satisfação ou realização pessoal. Ou seja, somente o fato de freqüentar a escola não é o suficiente para garantir um futuro feliz às crianças.

A história, portanto, se inicia com um destaque à forma como os pais conversam com as crianças a respeito do colégio. Geralmente, os alunos, antes de freqüentar esta instituição, perguntam, para a mãe, ou para o pai, a finalidade de ir até lá, o que elas farão nesse lugar, quem será o responsável por elas, entre outras questões.

O autor desperta, então, a atenção do leitor para o fato de muitos pais dizerem, aos filhos, que na escola eles aprenderão tudo sobre a vida e sobre o que mais desejarem saber. Dizendo isso, a ilusão de que as professoras responderão todas as perguntas, permanece, durante muito tempo, na cabeça das crianças.

Na verdade, como demonstra Rubem no decorrer do livro, a escola ensina, somente, os conteúdos pré-estabelecidos pelo ministério da educação. Dessa maneira, muitos alunos, que vivem em uma realidade social diversa ficam prejudicados. Além disso, muitos conceitos e dúvidas, que não se referem, diretamente, aos conteúdos abordados, não são trabalhados ou aproveitados pelos educadores.

Para demonstrar como algumas informações podem prejudicar, seriamente, o processo educativo, o autor apresenta a história de um menino, chamado Felipe, que ao freqüentar, pelo segundo dia, a escola, faz uma pergunta à professora: "Por que temos que estudar dígrafos?". E a professora, sabiamente, responde: “Isso vai cair no vestibular”. O menino, então, interpreta que todo conhecimento adquirido na escola serve, apenas, para passar no vestibular.

De fato, essa tradicional visão em relação às instituições já sofreu muitas mudanças. Atualmente, existem diversas corrente pedagógicas que combatem essa linha de pensamento. A corrente construtivista, por exemplo, fundamentada nas pesquisas de Piaget e Vygotsky, parte da idéia de que todos os seres humanos precisam agir aos estímulos do ambiente para, então, serem capazes de desenvolver as próprias habilidades. Ou seja, essa teoria defende a constante interação do aluno em meio ao processo educativo para que ele mesmo possa construir e organizar o próprio conhecimento. Dessa maneira, as dúvidas e questionamentos de um criança não podem ser reduzidas às "necessidades do vestibular". Uma criança estuda para crescer e se fortalecer como cidadão, não como um "robô repetitivo".

Assim, é possível perceber como Rubem Alves é, totalmente, a favor das idéias transmitidas por Paulo Freire. Para ele, a tarefa corrente do educador é desafiar o educando a produzir sua própria compreensão do que vem a ser comunicado. A aprendizagem, portanto, torna-se incompatível com o treinamento pragmático e com o saber articulado. Cada aluno precisa aprimorar, com a orientação de um professor, a própria habilidade pessoal de analisar e interpretar as informações que lhe são transmitidas. Dessa forma, com a participação dos educadores, elas poderão estimular, cada vez mais, esta habilidade.

Apesar de destacar esses aspectos negativos a respeito dos métodos tradicionais de ensino, Rubem Alves não procura negar a eficácia e a necessidade da disciplina e da organização para o desenvolvimento humano. Mas, ele procurou demonstrar porque as atividades escolares devem levar em conta, também, a capacidade do aluno desenvolver-se por si mesmo. Ou seja, ele enfatiza a necessidade de que os educadores, em geral, devem desenvolver, freqüentemente, atividades em que os estudantes possam aprimorar a capacidade de buscar conhecimentos e articular idéias. Somente assim, as crianças e jovens poderão sobreviver em um mundo repleto de informações e mudanças.
Flávia Amazonas de Azevedo

terça-feira, janeiro 31, 2006

Filme: O Poeta das Sete Faces


As Mil Faces do Poeta


Apesar de ser um documentário e, assim, passar a impressão de ser um relato seqüencial, contínuo e cansativo, de informações, O Poeta das Sete Faces é um filme repleto de surpresas e emoções.

A voz suave de Julia Lemmertz e Antônio Grassi alternam-se, ao longo de toda a obra, narrando os principais acontecimentos da vida do grande poeta Carlos Drummond de Andrade. Muitas imagens e dramatizações fazem o espectador viajar no tempo, encontrando pessoas e lugares característicos do tempo em que Drummond caminhava pelas irregulares ruas de Minas Gerais.

O filme dividi-se em três partes correspondentes as principais fases da vida e da poesia do escritor. O ator Carlos Gregório, de maneira surpreendente e especial, apresenta-se como o jovem poeta e encena divertidas situações pelas quais Carlos Drummond pôde divulgar sua poesia, seus livros e sua forma de enxergar a vida.

Iniciado por uma descrição da infância do autor, o filme relata que Carlos Drummond nasceu no ano de 1902, em Itabira, uma cidade do estado de Minas Gerais. Assim, é apresentado como o nono filho do casal Carlos de Paula Andrade e Julieta Drummond de Andrade, que constituíram uma família de fazendeiros, financeiramente, em decadência.

Aos oito anos de idade, após trabalhar em uma loja comercial, o menino inicia seus primeiros anos de estudo no Grupo Escolar Doutor Carvalho Brito, na cidade de Belo Horizonte. Dois anos depois, parte em busca de outros desafios na cidade de Nova Friburgo, onde conhece, no colégio interno onde estudou, Gustavo Capanema e Afonso Arino de Melo Franco, com os quais desenvolveu importantes trabalhos na década de 30 e 40.

Após saber um pouco mais sobre a infância de Drumond, o espectador se impressiona e canta em conjunto com o cantor Samuel Rosa que de forma musicada e interessante apresenta um dos poemas mais conhecidos de Drumond, o "Poema de Sete Faces", o primeiro texto do primeiro livro do autor. "Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra, disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida (...)".

Em seguida, após alguns comentários e outras informações, é a vez do texto “A Quadrilha” cujos intérpretes demonstram, através de uma alegre encenação, como o humor irônico do poeta surgiu em meio a realidade brasileira.

A partir deste momento, é retratada a entrada do modernismo na sociedade paulistana. Muita agitação e rebuliço marcaram a cidade de São Paulo e Drummond pôde se destacar como "o poeta do seu tempo", um momento de grande atuação política e crítica social. Os poemas “A Blag” e “A Piada” começaram a aparecer e assim, serem reconhecidos pela comunidade literária do país.

Ao longo das encenações, profissionais e estudiosos da obra de Carlos Drummond, em diferentes contextos da filmagem, demonstram pontos de vista particulares em relação à escrita e a poesia do autor. Pessoas como Mario Chamie, Benetido Nunes, Luiz Costa Lima, Ferreira Gullar, Affonso Romano de Santana, Adélia Prado e Leandro Konder, entre outros, aparecem, esclarecendo
opiniões e depoimentos pessoais.

Estes relatos oferecem um caráter especial, crítico e muito enriquecedor à obra, uma vez que desperta no público a curiosidade pelas poesias, pelas características especiais do poeta e, ainda, aproxima intelectuais e escritores do espectador amante da literatura nacional.

Mario Chamie, por exemplo, relata, que Drummond foi o grande fundador da modernidade no Brasil. Luiz Costa Lima, diz que, neste momento, o poeta procurou demonstrar, através de sua poesia, a total aversão que possuía em relação à linguagem “oficializada”. Relata ainda, que existe uma nítida correlação entre o eu lírico do autor e a realidade que o cercava. “Ele tentava estabelecer uma ligação entre o interno e o externo, entre o ‘eu’ e a realidade. Porém, este ‘eu’ não conseguia se dissolver nesta realidade”. Era então, “um eu lírico contorcido, conflitivo e repleto de contrastes”.

O filme é realmente surpreendente, sensível, acolhedor e humano. Através de uma linguagem simples, porém, criativa e dinâmica é capaz de atingir e emocionar diferentes tipos de pessoas. “Bendito sejas Carlos Drummond de Andrade”.

Flávia Amazonas de Azevedo


domingo, janeiro 29, 2006

Filme: Vinícius

Quem Pagará o Enterro e As Flores Se Eu Me Morrer de Amores?

Existem certos espetáculos que parecem ser feitos, inquestionavelmente, para sensibilizar e agradar todas as pessoas que admiram a arte e as suas diversas formas de expressão.

Esta parece ser a proposta de “Vinícius”, um filme que através de uma admirável habilidade artística e uma perceptível riqueza de detalhes, consegue atingir e conquistar todos os espectadores, demonstrando a vida e a obra de um poeta, que marcou a história da literatura brasileira, e demonstrou, através da música e da poesia, como é importante curtir cada momento da vida para ser feliz.

Misturando música, poesia e dramaturgia, o filme se transforma em um comovente “pocket-show”, que ao longo do roteiro, intercala apresentações de poemas, depoimentos de pessoas que conviveram com o poeta e imagens de marcantes momentos da vida pessoal e profissional do compositor.

O espetáculo se inicia com a narração da crônica de Rubem Braga, escrita em 1980, em homenagem ao amigo, depois de dois meses da sua morte. Com o intuito de demonstrar ao companheiro como a sua ausência lhe causava tristeza e como ele sentia sua falta, o escritor declama... “Meu caro Vinicius, escrevo-lhe aqui de Ipanema para lhe dar uma notícia grave: a primavera chegou. É a primeira desde 1913 sem a sua participação. Seu nome virou placa de rua. E nessa rua, que tem seu nome na placa, vi ontem três garotas que usavam minissaia. Parece que a moda voltou nessa primavera”.

Ao longo da filmagem, imagens do Rio de janeiro, nas primeiras décadas do século passado, em conjunto com memórias familiares e arquivos jornalísticos, retratam a infância, as paixões e os amores deste advogado, diplomata e poeta que desde sua concepção, já se encontrava em um mundo de puro talento.

Filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da prefeitura, poeta e violonista amador, e de Lídia Cruz de Moraes, pianista também amadora, Vinícius morava em uma casa cercada por muita música, dança e alegria, onde seu tio Henrique de Melo Moraes e outros compositores se encontravam quase em todos os finais de semana.

Intercaladas às apresentações e narrações, as filhas do compositor, Susana, Georgina, Maria e Luciana, além de amigos como Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Carlos Lyra, Edu Lobo, Toquinho, Gilberto Gil, entre outros, declaram interessantes e curiosas experiências que viveram com o autor, contribuindo, de maneira fundamental para a composição do enredo.

Tônia Carrero, amiga muito presente na vida do poeta, com quem o mesmo desfrutou confidências e momentos de melancolia, diz, emocionada, que Vinícius era uma pessoa que amava a vida e todas as pessoas que ele envolvia. Por isso, gostava de apaixonar-se diversas vezes e viver rodeado por pessoas. Eram essas paixões que sustentavam sua alegria e sua vontade de escrever, trabalhar e produzir. “Ele era capaz de qualquer baixeza por um amor”, afirma, com humor, a atriz.

Assim, Vinícius casou-se nove vezes. Todas as mulheres são apresentadas no documentário. Através de fotos e de uma narração, delicadamente estruturada, o relacionamento pessoal do compositor com as companheiras é destacado, em todos os momentos, como um fator determinante para as suas ações e, principalmente, para a sua escrita.

"Era o amor que alimentava sua poesia", afirma Tônia Carrero. "Ele precisava do precipício da paixão para viver". Porém, Toquinho, amigo e companheiro de trabalho do autor, afirma que “a grande angústia da vida de Vinícius era saber que ele jamais encontraria a mulher de sua vida”. Por isso tentou tantas vezes e, paradoxalmente, não conseguia ser infiel. Enquanto duravam, suas relações eram muito fortes e incandescentes, assim como descreveu, claramente, em um de seus poemas: "que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure".


Entre as palavras mencionadas, a que mais chama atenção em relação ao poeta é a generosidade. Em conjunto com adjetivos como afetuoso, solidário, divertido, aglutinador e harmonizador, é possível perceber a essência da personalidade de Vinícius. Ao tentar descrever o companheiro, Edu lobo declara: “uma vez eu estava em casa, assim meio a toa, Vinícius telefonou para mim e disse: Liguei só para saber se está tudo bem...”.

Em fim, são inúmeras, interessantes e gostosas as informações que esse magnífico filme, habilmente, concebido e elaborado, oferece a todos os seres humanos. Através da união da música, do ritmo, da rima e da poesia ele demonstra, prazerosamente, como a vida é repleta de momentos simples e cotidianos capazes de despertar emoções e sentimentos tão verdadeiros que, assim, se tornam insubstituíveis. Como afirmou Ferreira Gullar ao falar sobre a poesia e as características de Vinícius, "Ele ensinou o povo brasileiro a ser feliz".

Flávia Amazonas de Azevedo

Presépios do Mundo Inteiro

Paz e Individualidade para o Mundo

A fim de expressar a importância e a função dos presépios natalinos como um poderoso instrumento de evangelização, Dom Primo Mazzolari, utilizando as seguintes palavras, afirmou: “Se o mundo quiser ter homens livres, justos e com espírito de fraternidade, é fundamental não esquecer o caminho dos presépios”.

Misturando cores, tecidos, formas e materiais diversos, a amostra plástica “Presépios do Mundo Inteiro”, concebida pelo Colégio Marly Cury, de forma simples, porém bem elaborada, procura demonstrar como a magia do natal pode fazer com que civilizações e culturas diferentes coexistam em paz fraterna diante de um misterioso e consagrado acontecimento histórico: o nascimento de Jesus Cristo.

Esses cenários, que representam o nascimento de Jesus, a adoração dos três Reis Magos e dos Pastores, como é reconhecido e encontrado atualmente, sofreu grandes modificações ao longo do tempo.

A partir do final do século III, são datados os primeiros relatos sobre visitas, de peregrinos, ao local de nascimento de Cristo, a gruta de Belém.

O fato, porém, é representado por meio de imagens, a partir do século IV, quando relevos em sarcófagos, instrumentos litúrgicos e afrescos começaram a ilustrar a situação.

A gruta, tão falada e popularizada, teve a sua primeira réplica executada em Roma, no século VII, onde na Basílica de Santa Maria Maggiore foi admirada e valorizada como uma verdadeira relíquia.

Depois de muitos anos, um importante acontecimento é realizado e valorizado pela igreja católica até os dias atuais. Em 1223, festejando a véspera de Natal, em conjunto com os cidadãos da cidade de Assis, na Itália, São Francisco deseja explicar, de forma diferente e descontraída, o nascimento do menino Jesus.

O santo da aldeia de Greccio, então, levou para dentro de uma floresta, situada perto da cidade, uma manjedoura, um boi e um burro e encenou de forma compreensível e didática o momento da chegada do “Enviado”.

As representações plásticas, porém, que reconstroem fisicamente o acontecimento do Natal, na forma como são conhecidas atualmente, começaram a aparecer somente no final do século XV.

As figuras se deslocaram dos altares das igrejas e começaram a se manifestar em formatos alternativos e articulados, de forma que os observadores pudessem visualizá-las em três dimensões. Nasce então, a principal característica dos atuais presépios: figuras soltas, independentes, tecnicamente concebidas a partir de diferentes materiais oferecendo peso e massa corporal.

Dessa forma, inicia-se a história do presépio, palavra que, segundo os estudiosos, significa “lugar onde se recolhe o gado; curral ou estábulo”. Assim, ela foi escolhida para designar essas representações que ilustram o nascimento de Cristo, cuja realização se efetuou, propositadamente, dentro de um estábulo, a fim de disseminar o espírito da humildade e da fraternidade.

Contudo, um presépio, não é constituído apenas de elementos e figuras. A paisagem contribui, de maneira significativa, para representar as atividades e o estilo de vida da população durante aquele período histórico.

Na exposição apresentada no Teatro Municipal, os presépios formam, aproximadamente, um total de doze obras, e procuram demonstrar como as culturas de diferentes lugares podem demonstrar e destacar a paisagem natural do nascimento de Cristo de curiosas e interessantes maneiras.

Com a habilidade e a sensibilidade de um artista, a amostra reúne uma parte significativa da diversidade cultural encontrada entre alguns países que, apesar de tais diferenças, são habitat de pessoas que valorizam e respeitam o momento do Natal com a mesma intensidade.

Utilizando formatos, cores, objetos e materiais diferentes, o visitante pode observar e admirar obras oriundas de diferentes localidades do mundo, que demonstram essa variedade de maneira prazerosa e original.

O presépio representante da Suíça, por exemplo, destaca, curiosamente, em seu fundo, um relógio de parede, conhecido como “cuco”, objeto tradicional das famílias pertencentes a esse país. E demonstra, ainda, detalhadamente, o estilo de vestimenta, também tradicional, utilizada por homens e mulheres nascidos lá.

A obra artesanal do Japão é muito característica e autêntica. Utilizando bonecos com os olhos puxados, o rosto pintado de branco, e vestimentas com estampas e tecido japonês, o presépio demonstra, de forma divertida e particular, como as pessoas desta nação, localizada do outro lado do planeta, são reconhecidas e apresentadas por meio da sua cultura.

Apesar do estilo simples, a peça que divulga a cultura e o folclore da cidade de Olinda, se destaca, entre as demais, apresentando características marcantes da região. Utilizando fitas coloridas, como as usadas em festas de carnaval e uma toalha elaborada com estopa, a obra concebida em cerâmica e disponível sobre um conjunto de tijolos, demonstra o estilo e o material característicos das atividades artesanais desta localidade.

Seguindo o mesmo intuito, todas as peças foram articuladas com o objetivo de divulgar e propagar as características, as tradições e o folclore de alguns diferentes locais. Assim, o visitante pode admirar obras do Egito, da Polônia, do Peru, de Portugal, da Argentina, do México, de Jerusalém, entre outras.

No meio da seqüência de obras, ao fundo da sala, um grande presépio, mecanicamente funcional, destaca de forma alegre e colorida os principais movimentos e ações da população que habitava a cidade de Nazaré naquela época.

Ao final da exposição, o observador pode, ainda, ver uma linda obra concebida toda em areia e barro, representando os primeiros presépios confeccionados aqui, no Brasil, pelas mãos do padre José de Anchieta, durante o período do descobrimento. Ao fundo, a peça apresenta a bandeira do Brasil, chamando a atenção e emocionando muitos visitantes.

Desta forma, é difícil não gostar e admirar a pequena exposição e grande movimento cultural que de maneira habilidosa e discreta, procura demonstrar como o espírito da paz, do amor e da fraternidade, difundidos e propagados, principalmente, durante o mês natalino, podem estar presentes, entre os diferentes povos, gerando assim, harmonia, paz e serenidade para todas as pessoas, independente de raça, cor, etnia ou status social.

Flávia Amazonas de Azevedo

Informações históricas retiradas do site:

www.amigosdopresepio.org/historia

Vida Doce Vida







A vida é uma estrada repleta de caminhos e desvios.
É preciso saber guiar-se entre seus diferentes rumos
E escolher, principalmente, aquele que melhor se adapta à você.

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Nem tudo na vida é passageiro
Nem tudo na vida é inevitável
Nem tudo na vida é permanente
Nem tudo na vida é controlável.

É preciso admistrar os conflitos,
o medo, a insegurnça, a dúvida.
Não sabemos quando estamos prontos.
Sempre existe algo a mais para aprendermos.
Porém, sabemos que estamos vivos ...
E isso já é o bastante para tertarmos continuamente ...

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A vida é como um mar, aparentemente, sem fim.
Sabemos que existe a linha do horizonte,
mas não sabemos quando , nem como, a alcançaremos.

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Porque será que queremos ser perfeitos ??
Se não existissem os erros, não saberíamos como, supostamente, é a perfeição ...

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A vida como um mar de rosas também tem a presença de espinhos ...

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Tudo na vida passa
É preciso ter fé e esperança.
É preciso acreditar ...

Acreditar no futuro e nas forças
que existem no mundo ...

Acreditar no amor, na vida,
no sonho e na alegria ...


Flávia Amazonas de Azevedo

sábado, janeiro 28, 2006

Águas Passadas


Não Olhe para Trás


Nem tudo é como você quer
Nem tudo pode ser perfeito
Pode ser fácil se você
Ver o mundo de outro jeito

Se o que é errado ficou certo
As coisas são como elas são
Se inteligência ficou cega de tanta informação

Se não faz sentido
Discorde comigo
Não é nada de mais
São águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe
Não olhe pra trás

Você quer encontrar a solução
Sem ter nenhum problema
Insistir em se preocupar demais
Cada escolha é um dilema

Como sempre estou mais do seu lado que você
Siga em frente em linha reta e não procure o que perder

Se não faz sentido
Discorde comigo
Não é nada de mais
São águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe
Não olhe pra trás

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