domingo, janeiro 29, 2006

Presépios do Mundo Inteiro

Paz e Individualidade para o Mundo

A fim de expressar a importância e a função dos presépios natalinos como um poderoso instrumento de evangelização, Dom Primo Mazzolari, utilizando as seguintes palavras, afirmou: “Se o mundo quiser ter homens livres, justos e com espírito de fraternidade, é fundamental não esquecer o caminho dos presépios”.

Misturando cores, tecidos, formas e materiais diversos, a amostra plástica “Presépios do Mundo Inteiro”, concebida pelo Colégio Marly Cury, de forma simples, porém bem elaborada, procura demonstrar como a magia do natal pode fazer com que civilizações e culturas diferentes coexistam em paz fraterna diante de um misterioso e consagrado acontecimento histórico: o nascimento de Jesus Cristo.

Esses cenários, que representam o nascimento de Jesus, a adoração dos três Reis Magos e dos Pastores, como é reconhecido e encontrado atualmente, sofreu grandes modificações ao longo do tempo.

A partir do final do século III, são datados os primeiros relatos sobre visitas, de peregrinos, ao local de nascimento de Cristo, a gruta de Belém.

O fato, porém, é representado por meio de imagens, a partir do século IV, quando relevos em sarcófagos, instrumentos litúrgicos e afrescos começaram a ilustrar a situação.

A gruta, tão falada e popularizada, teve a sua primeira réplica executada em Roma, no século VII, onde na Basílica de Santa Maria Maggiore foi admirada e valorizada como uma verdadeira relíquia.

Depois de muitos anos, um importante acontecimento é realizado e valorizado pela igreja católica até os dias atuais. Em 1223, festejando a véspera de Natal, em conjunto com os cidadãos da cidade de Assis, na Itália, São Francisco deseja explicar, de forma diferente e descontraída, o nascimento do menino Jesus.

O santo da aldeia de Greccio, então, levou para dentro de uma floresta, situada perto da cidade, uma manjedoura, um boi e um burro e encenou de forma compreensível e didática o momento da chegada do “Enviado”.

As representações plásticas, porém, que reconstroem fisicamente o acontecimento do Natal, na forma como são conhecidas atualmente, começaram a aparecer somente no final do século XV.

As figuras se deslocaram dos altares das igrejas e começaram a se manifestar em formatos alternativos e articulados, de forma que os observadores pudessem visualizá-las em três dimensões. Nasce então, a principal característica dos atuais presépios: figuras soltas, independentes, tecnicamente concebidas a partir de diferentes materiais oferecendo peso e massa corporal.

Dessa forma, inicia-se a história do presépio, palavra que, segundo os estudiosos, significa “lugar onde se recolhe o gado; curral ou estábulo”. Assim, ela foi escolhida para designar essas representações que ilustram o nascimento de Cristo, cuja realização se efetuou, propositadamente, dentro de um estábulo, a fim de disseminar o espírito da humildade e da fraternidade.

Contudo, um presépio, não é constituído apenas de elementos e figuras. A paisagem contribui, de maneira significativa, para representar as atividades e o estilo de vida da população durante aquele período histórico.

Na exposição apresentada no Teatro Municipal, os presépios formam, aproximadamente, um total de doze obras, e procuram demonstrar como as culturas de diferentes lugares podem demonstrar e destacar a paisagem natural do nascimento de Cristo de curiosas e interessantes maneiras.

Com a habilidade e a sensibilidade de um artista, a amostra reúne uma parte significativa da diversidade cultural encontrada entre alguns países que, apesar de tais diferenças, são habitat de pessoas que valorizam e respeitam o momento do Natal com a mesma intensidade.

Utilizando formatos, cores, objetos e materiais diferentes, o visitante pode observar e admirar obras oriundas de diferentes localidades do mundo, que demonstram essa variedade de maneira prazerosa e original.

O presépio representante da Suíça, por exemplo, destaca, curiosamente, em seu fundo, um relógio de parede, conhecido como “cuco”, objeto tradicional das famílias pertencentes a esse país. E demonstra, ainda, detalhadamente, o estilo de vestimenta, também tradicional, utilizada por homens e mulheres nascidos lá.

A obra artesanal do Japão é muito característica e autêntica. Utilizando bonecos com os olhos puxados, o rosto pintado de branco, e vestimentas com estampas e tecido japonês, o presépio demonstra, de forma divertida e particular, como as pessoas desta nação, localizada do outro lado do planeta, são reconhecidas e apresentadas por meio da sua cultura.

Apesar do estilo simples, a peça que divulga a cultura e o folclore da cidade de Olinda, se destaca, entre as demais, apresentando características marcantes da região. Utilizando fitas coloridas, como as usadas em festas de carnaval e uma toalha elaborada com estopa, a obra concebida em cerâmica e disponível sobre um conjunto de tijolos, demonstra o estilo e o material característicos das atividades artesanais desta localidade.

Seguindo o mesmo intuito, todas as peças foram articuladas com o objetivo de divulgar e propagar as características, as tradições e o folclore de alguns diferentes locais. Assim, o visitante pode admirar obras do Egito, da Polônia, do Peru, de Portugal, da Argentina, do México, de Jerusalém, entre outras.

No meio da seqüência de obras, ao fundo da sala, um grande presépio, mecanicamente funcional, destaca de forma alegre e colorida os principais movimentos e ações da população que habitava a cidade de Nazaré naquela época.

Ao final da exposição, o observador pode, ainda, ver uma linda obra concebida toda em areia e barro, representando os primeiros presépios confeccionados aqui, no Brasil, pelas mãos do padre José de Anchieta, durante o período do descobrimento. Ao fundo, a peça apresenta a bandeira do Brasil, chamando a atenção e emocionando muitos visitantes.

Desta forma, é difícil não gostar e admirar a pequena exposição e grande movimento cultural que de maneira habilidosa e discreta, procura demonstrar como o espírito da paz, do amor e da fraternidade, difundidos e propagados, principalmente, durante o mês natalino, podem estar presentes, entre os diferentes povos, gerando assim, harmonia, paz e serenidade para todas as pessoas, independente de raça, cor, etnia ou status social.

Flávia Amazonas de Azevedo

Informações históricas retiradas do site:

www.amigosdopresepio.org/historia

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